por que essa sede não se transforma em choro
e me dessedenta ou salga a carne
as feridas abertas cicatrizam no bálsamo lacrimal
por que de pés que se fizeram caminho
guardo apenas a túnica e o desespero
sem desprender as asas a voar louco
como pássaro de luz sem guia
a mirar a origem dos dias a meta o som
em silêncio prossigo e já nem sinto saber
se sou eu mesmo esse tanto de verbo e carne
se eu mesmo afirmo ou distancio de mim
esse centro de ser onde está
maduro já de rígida tristeza, sorrio
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