quinta-feira, 6 de setembro de 2012

13 poemas para o sonho

no criar de tua voz
ecoei silêncios

comigo descansastes à sombra da figueira
mesmo que fruto não se fizesse nessa estação

a mesma clara paisagem desata
de tintas e cores desconhecidas

será esse o destino que persegue os infinitos
essa mensagem de prometeu para a humanidade?

Será mesmo esse fogo etérico
que faz da maçã o gosto suave de fel?

Conheci o novo tempo de uma fresta no olhar
a mesma rua escura de sempre se abre

há uma nova voz em mim

noite adentro

uma só folha sobre a mesa
perfume sem cores
apagam-se as luzes das janelas

veritas verás

nada há que se possa dizer
de uma flor nasce o sol

estrelas caem e renascem

não há memória ou conclusão
o que se inicia aqui é presença

na Presença é que é tudo

não se pode entoar esse canto
mesmo em meio aos sábios

sua suavidade está além das formas

nada há que realize o que é

desnudo

da onde mergulha antes
o que nunca se encerra

no meu sonho distante
em praias montes desertos

cada clarão de memória
é um rebrilhar

cada começo de história
guarda a fonte do ser

não está na palavra
não está no tom da voz

não está na tua imagem
nem no que mostra a paisagem

está no coração

é o que não está e é

travessar

amada vida
o que tens de calor para dar?

tens um barco ou alento
para um viajor cansado?

tens trabalho recomeço?

na outra margem do rio tudo se espelha

uno dádiva

a tua paisagem criativa
é como a flor do dia

rainha de muitas músicas

meu campo desperto
com a guerra entre os dentes

começo a respiração

nada há que não se respire
em si de si mesmo

tudo começa eterno

nada há que não se encerre em si

pista deserta

nada há que não se possa alcançar
apenas o que nada é

nada nos basta
somos de nada infinitos

mistério de terra

de tua doce matéria
nascem universos

teu mistério é grande demais para mim

no silêncio conjunto de cores e mapas

trajetos seguros dentro

tudo como vida incerta

de teu ventre materno
brotam canções

palavra paisagem

tempo de palavra
como quem anuncia o vento
que carrega para as direções

tempo de remanso
a vida clareia tudo
como quem traz na bagagem nada

só a coragem
de ser coração
na cor bela da ação e da paz

na bela oração de silêncio junto

finda o dia

passáros assoviam longe
balanço de rede e mar
lua nova palmeira

mensageiro

som ar
aviva o mesmo dom
milagre de terra e alegria

clara promessa

no vento que molha suave
voa chuva
meu domingo de novas manhãs

sol de novo

eu te reconheço no vento que toca meu rosto
eu te reconheço nas folhas que caem
no suave tilintar da chuva
céu nublado
sol de novo
reconheço
o que de mais belo há aqui
sem nome sem descobertas ou visões
a vida é sua identidade seu endereço e canção

terça-feira, 4 de setembro de 2012

tristeza arredia

como cavalos sem pista
corremos em direção ao campo
minhas amarras incendiadas
pelo olhar solar distante
nem plumas ou aves
nem penas ou bênçãos descansam
a minha correnteza é quebranto
é mar desencanto
meu rio redescoberto
onde a primavera noiva?
língua no céu da boca.

tempo de paz

entrontro-me em paz
a tua voz: canta, canta
ventos de manhã
suavidade nublada e nua
encontro-te em paz
na paz dos que nada pedem
nada tem e nem desejam
será mesmo o encontro de alma
que me faz perceber o inverno?

infinito nada pede
apenas o sonho ilimitado

vendedor de flores

é possível encontrar-se na rua
é possível caminhar em oração
tulipas, rosas e jasmins
o doce perfume suave das cores
margaridas, papoulas azuis
meus olhos não te encontram
é possível alcançar sonhos
em dimensões que se esbarram
entre cruzamentos e sinais de trânsito

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